Manutenção da via Patrick White

Por miguel

O CEC realizou neste mês de agosto a manutenção (regrampeação parcial) do paredão Patrick White, na face norte do Irmão Maior do Leblon.
Após conversa com os conquistadores, foi estabelecido o seguinte critério:
  • Os grampos originais ao lado de fendas não seriam retirados (a pedido deles), mostrando onde originalmente eram os pontos de proteção;
  • Estes grampos são um registro histórico e, na medida ficarem impróprios para uso, não serão trocados se o Clube assim considerar mais adequado. O fato é que com o advento das proteções móveis muitos dos grampos próximos de fendas podem nem mesmo ser usados por uma cordada "moderna", mantendo-se uma segurança igual ou melhor que a da época.
  • No caso de lances em artificial com grampos podres, estes poderiam ser substituídos pelo material atualmente utilizado. Uma das propostas apresentada aos conquistadores foi transformar o primeiro artificial em um lance em livre, desde que mantivesse o estilo da via.
A manutenção foi realizada em duas investidas (11/08/12 e 25/08/12) por Miguel Monteza e Miguel Freitas. Na primeira investida descemos a via a partir do cume, fazendo a manutenção na parte superior. Na segunda investida viemos de baixo e fizemos a manutenção dos dois primeiros esticões que haviam ficado pendentes.
O primeiro grampo trocado (quer dizer, primeiro para quem está subindo a via...) fica na chaminé. Um vergalhão de 1/2" (sem olhal e bastante corroído) era usado para proteger o lance. Miguel Monteza quebrou o vergalhão com surpreendente facilidade: "Marretando o vergalhão para quebrá-lo, notei que o aço era mais duro que o 1020. Ele logo quebrou no meio, onde estava corroído. Marretei mais, ele dobrou muito pouco, mas acabou quebrando de repente." Foi batido um grampo novo de 1/2 à esquerda do antigo vergalhão.
A manutenção seguinte foi o lance do primeiro artificial. Nós dois já havíamos feito este lance em livre, mas participando. Além disso, o Flavio Daflon também já havia chamado a atenção sobre o estado do segundo grampinho da artificial que, segundo ele, "estava por um fio".
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Optamos por não "equipar" (de cima) para garantir a coerência da grampeação. Parando em cliff de agarra, Miguel Monteza bateu o 1° grampo do lance, mas devido ao cansaço e horário optamos por ir embora. Na 2a investida, viemos da base. M.Monteza: "No novo lance em livre, foi fácil costurar o 1° grampo, mas não consegui passar direto até o platô onde está o próximo grampo (início do lance 3 em 1). Segurando um grande batente, fui pra esquerda e costurei o 3° grampo de 1/4, que me deu a confiança mínima pra seguir até o fim. Descendo, batí então o grampo na altura do 3°, de modo que o guia poderá costurar antes de dominar o batente. Voltei pra P2 e o Miguel Freitas guiou o lance para testar. Aprovou, e na descida quebrou o 1° e o 2° grampos de 1/4."
O 2° grampo da artificial original quebrou na mão, sem marreta, usando apenas um mosquetão como alavanca. A pequena seção brilhante que sobrou de sua haste de 1/4" mostra como ele estava precário (Daflon estava certo!).
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O primeiro grampo foi retirado também, porém com auxílio de uma marreta. O 3° deixamos como registro histórico.
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Foi interessante notar que após a nossa 1a investida, pelo menos 1 dupla escalou a via e já utilizou o lance em livre da forma que estava. Concluímos que o 2° grampo estava amassado porque foi pisado para alcançar o 3° e costurar.  Acreditamos que a via ganhou um lance bem bonito e interessante, um 6° grau obrigatório que mantém o nível e valoriza ainda mais esta já excelente escalada.
Em P4 batemos um novo grampo, mantendo o original ao lado. Na escalada, é onde a fenda alarga e torna-se impossível proteger com friends. O grampo original, embora em bom estado geral de corrosão, está cerca de 2 dedos pra fora, o que naturalmente não é uma proteção adequada para resistir à uma queda fator 2.
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O P4 ficou, portanto, uma parada dupla. Vale lembrar que a via é toda rapelável com uma corda de 60 metros, mas a maioria das paradas não é dupla. Ver croqui para mais detalhes.
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Logo abaixo do teto final, dentro da chaminé, batemos um grampo cerca de 2 metros à esquerda do original que ficava um tanto fora da linha da via, reduzindo o atrito da corda na guiada e facilitando a chegada aos 3 grampos de 1/4 do artificial que estão na face externa do diedro.
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Deixamos o original por motivos históricos, pois foi onde os conquistadores pernoitaram na 6a investida. Na face interna há 3 grampos de 1/4 em horizontal, muito corroídos, e 1 que já quebrou, mas estes se tornaram desnecessários.
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Os três grampos de 1/4  na face externa para vencer o teto e chegar ao platô das Maravilhas não foram trocados. Eles ainda funcionam para artificial, mas definitivamente, não estão em bom estado... Há de se decidir qual o tipo de grampo que deverá ser usado para substituí-los, de forma a não descaracterizar a via.
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No platô das Maravilhas, batemos um para substituir o grampo de parada. Não quebramos o original.
O último grampo de 1/4 do último artificial foi trocado por um grampo novo de 1/2", pois este protege a saída em livre. O grampo de 1/4 foi difícil de quebrar, tendo dobrado várias vezes antes de romper.
O grampo seguinte (3/8) desistimos de trocar por estar em boas condições e muito próximo do anterior.
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Miguel Monteza e Miguel Freitas

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