Relatório de Excursão a TRILHA DO MORRO DA URCA - por Paula Ribeiro

Por leandro.moda

Relato de uma espectadora admirada.

Sou sócia do CEC há ‘ínfimos’ 6 anos, mas posso dizer que são 6 anos de grandes alegrias, felicidades e muitos novos amigos conquistados. Sou fã incondicional deste casal Tadeusz e Cionyra Hollup, montanhistas veteranos, sócios do CEC desde os primeiros anos de fundação. Os admiro pela dedicação que esses dois têm pela montanha e pelo Carioca.

Pois bem, quando a Kika da CBME me trouxe a ideia de usarmos a Cadeira Juliette para levar a Cionyra ao Morro da Urca, como uma das Atividades da ATM 2017, achei uma homenagem linda, fiquei muito feliz, mas tinha dúvida se o casal aceitaria, afinal eles poderiam achar um desafio maior do que conseguiriam cumprir. De toda forma, aceitei de imediato a cuidar da parte logística da empreitada. O primeiro passo, convidar e convencer o casal a aceitar o convite. Não foi tão difícil, afinal, montanhistas que são, jamais se furtariam a este desafio.

Dia 07/05/2017 as 9:30h na barraca do Carioca na ‘ATM 30 anos’, era o ponto de encontro, tínhamos pelo menos 15 pessoas envolvidas na prancheta que seria guiada pela Cionyra, “quem já foi rei nunca perde a majestade”.

As 10:30h saímos da barraca rumo à pista Claudio Coutinho. Eu, fiz questão de ir no pelotão de trás, acompanhando meu amigo Tadeusz, que aliás estava devidamente preparado com suas meias, botas e seu cantil de metal, preso a um bolsa de couro pendurada à cintura. Logo ao nos aproximarmos da pista ele me diz “Mas oh Paula, isso aqui não é a trilha, não tinha isso aqui antes, asfalto? Antigamente essa trilha começava lá embaixo, no costão à beira mar, subíamos tudo isso varando mato”. Como sempre digo, o pessoal das antigas eram montanhistas muito mais valentes que nós. Pista Claudio Coutinho concluída, chegamos à base da trilha do Morro da Urca e obviamente que aquela estrutura nova impressionou nosso amigo Tadeusz. O primeiro pelotão, levando Cionyra seguiu à frente, outros tantos participantes foram atrás, e seguimos eu, Cássio, Jana e Kika acompanhando o Tadeusz, logo o Charão juntou-se a nós e fomos nós 5, conversando, ouvindo algumas histórias de montanha, uma caminhada para lá de agradável.

Nosso amigo Tadeusz seguia ‘devagar e sempre’, não queria ajuda, mas também não precisava, quando encontrava alguma parte mais difícil, parava, analisava e buscava um ponto de apoio que o ajudasse, geralmente uma árvore ou tocos fincados ao chão que fazem a demarcação da trilha. Em um momento ele disse ‘Podemos fazer uma foto? Na verdade é uma pausa para descansar um pouquinho, mas nós antigamente, quando precisávamos descansar, dizíamos que queríamos tirar uma foto, assim era uma boa desculpa e não admitíamos o cansaço’. Hoje em dia não temos mais desculpas, afinal as fotos são feitas tão instantaneamente que nem dá tempo de recuperar o fôlego. Então, sempre que necessário, fazíamos pequenas pausas para ‘foto’. Incrível ver as mãos do montanhista, de 87 anos, ainda fortes, sustentando seu peso quando precisava puxar-se em função de algum degrau mais elevado. Sem falar de seu ‘pé super poderoso’, o esquerdo, esse mesmo que tem 9 pinos, adquiridos em decorrência de um acidente que sofreu a cerca de 4 anos. Sempre que o degrau era mais alto, era justamente o pé esquerdo que entrava em ação. Justo os 9 pinos que mais me preocupavam, era o que mais dava-lhe forças para continuar. Virou até piada entre nós, sempre que a passada era mais difícil, logo um de nós lembrava ‘use o pé dos pinos’, e o desafio estava superado. Disposição e humor, assim defino a nossa caminhada. Tadeusz tão bem disposto, tão sereno e feliz. Que satisfação poder acompanhar de perto. Satisfação também dava em ver a preocupação dele com a Cionyra, que seguia mais à frente na Juliette, volta e meia Tadeusz questionava “será que minha Cionyra está bem?”, lindo de se ver. Após quase duas horas, chegamos ao cume, Tadeusz estava ansioso para reencontrar sua Cionyra e ver com seus próprios olhos que ela estava bem. Muita emoção e alegria, em todas as quase 20 pessoas, em ver que nossa excursão tinha sido concluída com sucesso!

Agradeço muito ao CEC pela oportunidade de fazer parte desta família, agradeço à Kika pela ideia e ao casal Tadeusz e Cionyra por confiarem em nós.

Paula Ribeiro

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