SALINAS: Roberta Groba 5o Vsup E3 450 m SEM móveis

Por charao

Quase sem querer acabei repetindo a excelente via Roberta Groba sem usar móveis. Pois é, eu e minha dupla cometemos algum erro enquanto programávamos o dia, ainda lá no Refúgio do Mascarim (República Três Picos) e fomos embora escalar sem levar as crianças (os camalots). Eu já tinha feito a via mas não lembrava dos esticões e deixei passar que há necessidade de móvel em pelo menos 3 esticões. Deu tudo certo, completamos a via, ficou meio exposto mas chegamos cedo ao cume, foram 5 hora de escalada. Possivelmente teríamos feito mais rápido, pois em certos esticões nos perdemos, descemos, subimos e insistimos em vencer a exposição provocada pela falta de móveis. Camalots do 0,5 até o 2 teriam feito a festa nas fissuras do terceiro, quarto e sexto esticão (ou algo assim, pois sempre alongo bem a corda e às vezes passo das paradas corretas).

Começamos a escalar às 11:30 (tarde!), a Karina de SP foi se acostumando com a rocha de Salinas e com a exposição. Ela logo entendeu o zig-zag do primeiro esticão, colocou fitas longas, chegou à P1 e me chamou. Guiei as rampas do segundo esticão, parando um grampo acima da parada indicada. Lembrem-se que as cordas mediam 50 metros antigamente e vale muito a pena passar das paradas já que as cordas tem 60 metros hoje em dia. Para uma via de 450 metros, seria, matematicamente falando, 9 esticões. E com uma corda de 60 este número cairia para 7,5 esticões, ou seja uma grande economia de 1,5 esticão, que na prática equivale a 2 esticões (um curto e um longo). 

No primeiro diedro, acima do platôzinho de mato, vimos que a estava meio exposto mas a Karina foi subindo, corajosamente. Santa ignorância, se soubéssemos da necessidade de móveis teríamos desistido, eu acho. Ela terminou o diedro, passou por aquelas reentrâncias, chegou na P4 e me chamou. Depois de passar por ela e recolher as costuras, sem me clipar na parada, cheguei nas fendas. Fui subindo, até que tem uns 2 grampos, mas na última fenda é que caiu a ficha e eu percebi que já tinha passado por ali...COM MÓVEIS. Ficou meio exposto, demorei para passar mas o lance do entalamento na fenda saiu.

Parei na P5, Karina veio e passou por direto, se perdeu um pouco mas chegou na parte mais de pé da via toda, o diedro que contém o crux da via (5 sup). Ela guiou, não achou a continuação pois estava exposto e em cima de um platô, dei um pulo e confirmei que era por ali mesmo e vimos que o que causava a dúvida e o desconforto era não termos móveis para passar por ali. Como eu já tinha feito antes, fui, passei um certo veneno mas consegui chegar ao primeiro grampo, uns 13 ou 14 metros acima do chão (platô). Venci aquela saída do diedro, um mini-teto para a direita, passei por uma concavidade onde consegui entalar um cordelete, costurei um grampo, protegi mais acima em dois bicos de pedra e cheguei na parada P6.

Karina veio ligeiro, passou por mim, recolheu as costuras e mandou ver para a P7. A via começava a dar sinais de que ia acabar, a inclinação diminui e eu vi que em pouco tempo chegaríamos aos tetos do cume do Capacete. Até brinquei com ela, dizendo que devia faltar mais uns 4 esticões. Fiz mais um (P8), Karina veio, passo direto, me chamou num grampo bem escondido e isolado lá para a direita (P9). Depois que eu subi e passei por ela, já comecei a caminhar mesmo e cheguei no bloco de pedra a direita dos tetos do cume, o bloco por onde se terminar a El Kabong também. Não sei se este bloco tem nome, mas deveria ser algo como "bloco do lanche" ou "bloco do uhúúúú" pois ela marca bem o fim da escalada, além de ser um excelente lugar para se proteger do vento e comer algo antes de se dirigir ao livro de cume e aos rapéis.

Eram 16:30, portanto 5 horas de escalada para fazer 10 esticões, nada mal já que fomos devagar nas partes onde deveríamos ter usado os móveis. Nos arrumamos rapidamente, nem fomos assinar o livro, logo achamos os rapéis da Sérgio Jacob e 1:15h depois, as 17:45h, estávamos no chão. Nem acreditei na velocidade em que atravessamos o cume e chegamos ao chão, já prontos para encarar a trilha de descida até o Mascarim. Este nos recepcionou com um excelente jantar, comemos muito bem, tomamos vinho e ficamos papeando com o Paulo até a hora de dormir.

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