Solteira com a corda

Por rafael

Para se ensolteirar com a corda, você vai precisar somente de um mosquetão de rosca. Você pode se ensolteirar ou com uma azelha ou com um fiel e uma azelha. O fiel permite que você regule o tamanho da solteira.

Ao chegar na parada, monte a parada normalmente. Prenda um mosquetão de rosca no mosquetão base da parada e faça um fiel frouxo, para poder facilmente regular o tamanho da solteira. Uma vez ajustado o tamanho da solteira, aperte o fiel e faça uma azelha de backup no lado maior da corda, prendendo essa azelha no mesmo mosquetão de rosca que o fiel. Não é recomendado se ensolteirar somente com o fiel, o nó pode correr.

E porque usar a corda de solteira? O que há de errado com a daisy chain?

Não há nada de errado com a daisy chain. Pelo contrário, ela é muito prática para usar e regular o comprimento. Na maioria das escaladas, usar uma daisy chain é a opção mais prática, rápida e fácil.  Porém, vale lembrar que a daisy chain foi projetada para escalada artificial e foi feita para suportar somente cargas estáticas. Qualquer carga dinâmica, como uma pequena escorregada do escalador enquanto na parada, pode resultar em cargas bastante elevadas na solteira e na parada.

Idealmente, a daisy chain não deveria ser usada para escalada em livre. Isso é uma prática bastante difundida e utilisada somente no Brasil. Porém no montanhismo europeu e norte-americano, raramente se ve um escalador em livre com uma daisy chain.

Existem também algumas ocasiões onde usar a corda como solteira tem vantagens consideráveis. Em escaladas muito longas, por exemplo, deixar a solteira em casa é menos peso para carregar e menos volume para colocar na mochila – daisy e mosquetão para regular o tamanho. Isso sem contar com menos uma coisa pendurada no rack do baudrier e se enroscando com as costuras e com os móveis.

Mas o principal uso da corda como solteira se dá em escaladas com paradas móveis, lances expostos em fator 2 e risco de queda de guia na parada. Nesses casos, é importante reduzir o impacto de uma possível queda do guia na parada.

A melhor forma de reduzir o impacto de uma queda em fator 2 na parada é não costurar a saída do guia. A força suportada por uma proteção qualquer quando o guia cai é aproximadamente 2 vezes a força de queda, isso de deve pelo efeito “roldana” que dobra a força aplicada na proteção. O efeito “roldana” pode ser evitado em fator 2, não costurando a saída. Assim a força de queda do guia vai ser diretamente aplicada no freio do participante, e a força resultante na parada vai ser mais ou menos a metade da força que seria aplicada caso a saída estivesse costurada. Um ganho considerável! Contudo, nesse caso, toda a força de queda do guia terá de ser suportada pela solteira do participante, e como foi dito antes, uma daisy chain não foi feita para isso. Então, você só pode optar por não costurar a saída se estiver ensolteirado com a corda.

E no rappel, sem a daisy chain, como faço para me prender nas paradas?

Para contornar isso, no início do rappel, você pode usar qualquer fita, fazer um boca de lobo no loop do baudrier e usar como solteira, com o mesmo mosquetão de rosca que você usou para se ensolteirar com a corda durante a escalada. Se você não tiver nenhuma fita para fazer um boca de lobo, pode usar as costuras expressas, mas atenção, um mosquetão simples no baudrier é perigoso pois pode abrir facilmente. Neste caso recomenda-se colocar 2 costuras paralelas, com os mosquetões virados para lados opostos. Referências

1 – Climbing Anchors – 2ª edição - John Long, Bob Gaines 2 - http://www.blackdiamondequipment.com/en-us/journal/climb/qclab/qc-lab-daisy-chain-dangers-en-glbl-en-us

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