Travessia: Petrópolis - Teresópolis (01/07/2017)

Por leandro.moda

Quero primeiramente dizer que é uma honra poder fazer o meu primeiro relato aqui no CEC, ainda mais da Travessia Petrópolis x Teresópolis, que tanto aprecio, feita no dia 01/07/2017, com um grupo tão bacana e divertido.

Participantes: Alexandre Charão, Leandro Moda, Rodrigo Rodrigues, Marina Tolentino, Paulo Pereira (Blokinho), André Prata, Lucas Franco, Renata Jiamelaro, Guilherme Machado e Emmanuel Toscano.

A saída Rio x Petropólis: Em uma saída dessas com 10 pessoas morando em locais completamente diferentes, a pontualidade do grupo é fundamental. Todos chegaram no horário e conseguimos sair às 4ham, pegamos a Renata em casa que era caminho e chegamos na entrada do parque 5h50. Combinamos com o nosso piloto do resgate ser feito em Teresópolis às 18h. Na entrada, já havia um grupo se preparando para subir e assim que eles apresentaram a documentação necessária para ingressar no parque (ingresso, identidade e carteirinha de clube ou Femerj para comprovar a validade do desconto para quem a tiver) foi a nossa vez. Estava bem frio, em torno de 11 graus e começamos a nos equipar com agasalhos mais quentes.

O Charão combinou que o grupo iria se separar em dois e que o primeiro aguardaria o outro na pedra do Açu. Eu estava animado para subir com uma mochila mais leve que a de costume. Na minha última travessia de 3 dias subi com uma cargueira com 20 kg e agora estava com uma mochila menor com 6 kg. Levei um pouco de comida a mais e outros equipamentos que sabia que só usaria em caso de emergência. Lembre-se de que todo peso que é extra e você sabe que não vai usar irá conversar com ele desde que pisar na trilha até o final dela e ficará se perguntando porque trouxe isso e aquilo quando a trilha exigir mais de você. Portanto, leve somente o necessário.

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Começamos a caminhada às 6h30 e logo o grupo se dividiu. Um pelotão seguiu mais rápido com o Leandro, Rodrigo, Lucas, André, Guilherme e atrás Renata, eu, Charão, Marina e Blokinho. A temperatura estava boa para caminhar. Cheguei na pedra do Queijo sozinho. O primeiro mirante é nesta pedra, onde se tem uma bela visão da cidade de Correias e do vale do Bonfim. Neste ponto, o segundo grupo já estava separado. A Renata tomou velocidade de cruzeiro, andando bem com os seus poles e eu vim atrás seguido pelo restante do segundo grupo (Charão, Marina e Blokinho).

Conforme o dia amanhecia, o sol começava a esquentar e os casacos começavam a se tornar desnecessários. O dia estava nublado, mas com pouca incidência do sol. Chegando no Ajax que é um ponto de parada para quem sobe com mochilas cargueiras e para quem precise abastecer de água, vi que havia um casal “dando mole” acampando na beira do ponto de água, o que é proibido. Uma curiosidade: na subida até o Açu, no trecho de mata, é muito comum ouvir o canto melancólico do pássaro Saudade (Tijuca atra), ave de porte médio de cor preta, típica da região e dos campos de altitude. Ref: https://www.youtube.com/watch?v=euEDPTsbQr8

Coloquei o link do pássaro para quem for fazer a travessia saber qual é o pássaro que emite o canto agudo insistente que te acompanha quase toda a caminhada. Tive a oportunidade de observar também o Sanhaçu Frade, ave belíssima de canto bem marcado.

Passando do Ajax a subida começou a ficar mais íngreme no trecho conhecido como Isabeloca. A trilha toda exige um bom preparo físico, mas o trecho até o Açu é dureza e a Isabeloca é osso. Depois de vencer a Isabeloca a passagem pelo Chapadão foi um passeio, a musculatura da coxa já estava queimando. Neste ponto já considerado campo de altitude a vegetação é baixa e a trilha era marcada no piso de pedra com setas apontando as direções de ida e volta.

No Chapadão o tempo ficou bem fechado e começou a chuviscar. Cheguei aos Castelos do Açu 9h30, dentro do horário previsto, a serração estava bem presente e a temperatura havia caído muito. O primeiro grupo já estava tomando café da manhã e sentei para me preparar para comer. Neste momento passou o guarda parque do abrigo correndo em direção à área de camping dos Castelos do Açu dizendo que alguém havia colocado fogo na mata e o Leandro e o Rodrigo foram ajudá-lo. 20 minutos depois eles voltaram com o guarda que agradeceu bastante a ajuda.

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O grupo se reuniu depois do café e seguiu para o abrigo do Açu para se abastecer de água. Iniciamos a trilha em direção a Pedra do Sino às 10h30. Seguimos agora descendo por uma laje de pedra em uma região exposta com belas montanhas ao redor em direção ao morro do Marco. Depois de descer o morro do Marco chegamos a um bosque na subida do morro da Luva, lugar ótimo para se abastecer de água. Nas subidas e descidas, como o piso estava escorregadio, rolaram alguns tombos.

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No alto do morro da Luva a vista para o dedo de Deus, pedra do Sino e Garrafão era exuberante. Cogitamos em descer aos Portais de Hércules, mas optamos por seguir em frente para não perder tempo. Eram 12h30 e, naquele ponto, já conseguíamos enxergar a movimentação no elevador. Havia um engarrafamento que mensuramos que duraria uns 30 minutos para desafogar. O Charão sugeriu de fazermos uma parada para o almoço enquanto as pessoas subiam o elevador. Fizemos um pit-stop de 30 minutos e seguimos para o elevador.

Chegando lá iniciamos a subida nos degraus de vergalhão com todo o cuidado, porque estava bem molhado. Depois de passar pelo elevador seguimos em direção ao Vale das Antas e iniciamos outra subida até a Pedra da Baleia. Neste ponto a chuva começou a cair mais forte e seguimos mais rápido no intuito de atingir logo o cume para atravessar para a montanha do Sino, que já era a próxima. Chegamos na beira de um penhasco conhecido como mergulho, que fica na divisa das montanhas. É um lugar que vale a pena levar uma corda de segurança, há um grampo lá. Estava chovendo quando passamos e a pedra estava escorregadia.

Depois do mergulho, chegamos no famoso Cavalinho. O Charão levou duas fitas de 120 cm que ajudaram muito. O lance não é difícil de passar, o problema é a exposição do abismo atrás. O Cavalinho foi tranquilo e no obstáculo seguinte o Blokinho estava dando a segurança e como eu havia passado pelo Cavalinho tranquilo e estava quente, já joguei a perna para cima da pedra e quando achei a agarra de mão e fui subir deu câimbra. A perna travou e o Blokinho esticou a fita para o apoio e deu tudo certo. Depois deste lance subimos uma escada de ferro e foi só andar até a bifurcação que vai para o abrigo 4.

Fomos até o abrigo do Sino para ir ao banheiro e às 14h40 iniciamos a descida mais longa da vida descendo uma pedregulhada em zigzag debaixo de chuva. Preferia fazer a caminhada toda de novo a descer novamente aquele trecho. O Leandro mandou uma mensagem às 17h dizendo que havia chegado na represa. O segundo grupo chegou às 19h no final da travessia. A Sprinter estava parada bem na saída da trilha, colocamos roupas secas e seguimos para o RJ.

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Dica: Escolha bem a bota ou tênis para ficar 12h socando o pé na trilha. Como tive uma semana só para me preparar e não me preparei, deixei para a última hora ver o que calçaria. Tenho duas botas muito boas impermeáveis que tenho há dois anos. Quando fui dar uma checada nelas para ver se estava tudo bem vi que as solas estavam com as travas gastas e como uma boa parte da caminhada passamos por trechos de pedra e as botas têm que aderir ao piso decidi ir com um tênis de aproximação que havia usado apenas uma vez. Conclusão: O tênis me deu a maior segurança e ficou seco debaixo da maior chuva. Quesito segurança a nota foi 10. O conforto que não foi dos melhores. Fiquei com os pés cheios de calos bem dolorosos. Considerem amaciar um tênis ou bota para caminhar longas distâncias por muitas horas e usem meias mais grossas.

Emmanuel Toscano

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