Via: Entropia, Morro da Babilônia - Renata (G) e Paula (P)

Por leandro.moda

Data: 25/03/2017
Local: Morro da Babilônia
Via: Entropia (3º IIIsup E2 D1), 195m
Conquistadores: Oswaldo Pereira, Marcelo Ferades ?, Mauricio Addu ?, Ronaldo Paes, Severino Silva
Participantes: Renata Jiamelaro (guiando), Paula Ribeiro (participando)

A Paula me chamou pra escalar. Primeiro sugeriu a Luiz Arnaut, mas como eu já tinha revezado 1 esticão dela com o Leandro Moda o outro dia, e achei que estava me expondo demais e no meu limite, disse que preferia outra via até um IIIsup.

Ai ela sugeriu a Entropia, que outros já tinham me sugerido em Maio passado, quando fiz o CPC. Sabia que tinha uma horizontal no começo, mas por ser um III grau, achei que seria tranquila. Outro ponto que me preocupava um pouco, era o rapel diagonal, que não me sinto confortável fazendo e às vezes acaba sendo inevitável fazê-lo. Estudei o ruim croqui ruim que consegui, peguei algumas informações extras e resolvi ir, pois sei que sou meio receosa, mas geralmente acabo me surpreendendo positivamente comigo mesma.

Queria ir pelas 16hs, a Paula achou tarde. Depois vi que era uma via de 5 esticões e como não a conhecia, achei prudente ir mais cedo, assim nos encontramos às 15hs no soldado guitarrista. A Paula sabia onde era a base, então não me preocupei com isto. Realmente não tem erro, é a primeira à esquerda da Reinaldo Behnken. Pequena trilhazinha passando debaixo de umas árvores e chegamos numa base bem confortável. Via suja!

Dei início à escalada, usei uma fita para costurar no vergalhão, segui tranquila até chegar naquele 3º “micro grampo” de 3/8, fiquei na dúvida se realmente seguraria uma queda... preferi lembrar que sou magra e segui confiando que sim, já que o grampo foi colocado alí. Dali em diante já comecei a ficar mais tensa, pois a parede abaixo dos próximos lances era bem vertical, dando uma sensação de mais perigo e maior exposição, a via também ficava cada vez mais suja e naquele trecho praticamente não existia agarras... preferi fingir que não vi aquele trecho vertical não olhando muito pra ele (rs) e então focar na escalada, estudando com calma as próximas passadas, desci um pouco para depois subir. Paula chegou a me perguntar se eu não estava descendo muito, mas aquele caminho foi o que me pareceu mais lógico, fui com muito cuidado. Do que me lembro, ao chegar nos próximos grampos e costurar, me solteirava também pra baixar um pouco a adrenalina, poder respirar fundo e então dar sequencia um pouco mais calma. O lance do tetinho, apesar de ter me preocupado um pouco inicialmente foi fácil, tinha bastante agarras. Por fim, cheguei na P1, montei a parada e chamei a Paula. Como tenho um ATC simples, acho mais fácil e prefiro dar segurança com o UIAA, que acaba facilitando também no caso de ter que liberar corda para o participante na horizontal. Paula teve praticamente as mesmas dificuldades que eu e veio dizendo que não se lembrava de ser uma horizontal tão difícil e suja. Pediu para eu deixar uma “folga segura”, de forma a não estar retesada e puxando. Fui acompanhando suas passadas e cuidadosamente recolhendo a corda. Ao ver a dificuldade da Paula, constatei que eram lances difíceis mesmo e não apenas um excesso de meu de medo - me senti orgulhosa de ter enfrentado.

Paula na P1: “Rê, desculpa!! Eu não lembrava de nada disto, nunca mais escolho via pra ninguém!” e eu: “ih relaxa! vamos lá que é preciso seguir em frente, não temos escolha”, na minha cabeça não tinha como voltar a não ser da P2 (já que nem me passou pela cabeça rapelar sabe-se lá pra onde nos prédios, pra poder sair dali). Eu me vi meio que numa arapuca com a Paula e queria seguir logo pra que não escurecesse. Preocupava-me um pouco também a possibilidade de chuva. Apesar de tudo, estava serena, focada e confiante no que precisava ser feito.

A saída da P1 foi bem delicada, do que me lembro, acho que fui bastante pro lado pra depois seguir reto e costurar, depois foi um lance em linha reta mais tranquilo e pra chegar no terceiro grampo do 2º esticão, tive que encarar novamente outra horizontal, onde passeio o maior PERRENGUE do dia!! Subi reto por um lance muitíssimo esquisito e sem agarras de mão, confiando só nos pés (lembrando que a parede é SUJA!), cheguei num ponto onde conseguia me posicionar um pouco melhor (mas não muito) e fiquei um booom tempo alí tentando desviar a tensão, respirando fundo e conseguindo me manter sob controle, o grampo para costurar estava logo alí, tão perto e tãaaao longe! Fiquei alí, tentando baixar a palpitação para dar os próximos passos para o lado com calma e conseguir costurar o bendito grampo. Momento BEEEM tenso!! Alí me solterei, respirei e fui olhar o croqui para ver se já era possível alcançar a parada dupla para rapelar, mas achei que estava muito longe e era melhor não arriscar. O relógio do celular marcava 17hs e já mais calma eu estava certa que tinha que chegar na P2 para conseguir sair dalí e segui determinada encarando os desafios de mais duas horizontais sujas e finalmente P2! Uhuuuu paguei todos os meus pecados neste escalada cheia de horizontais! rs, Paula veio na sequência e novamente passando por todos os perrengues que passei, em especial o maior naquele mesmo lance em que era preciso confiar nos pés e escolher bem as passadas.

Paula na P2, imediatamente colocamos as lanternas, pois já escureceria. Começamos a preparar o rapel, eu estava preocupada por ser diagonal e por já estar no meu “limite de apuros” do dia, perguntei se a Paula queria abrir e ela topou, eba!! Desceu meio reto já com a lanterna acesa, passou pelo tetinho negativo e foi caminhando para a direita em busca da parada dupla. Já passavam das 18hs e como ela demorou um pouco para achar a parada e eu estava preocupada com aquela “arapuca”, achei melhor me precaver e enviei uma msg pro Hamilton informando onde estávamos (assim a ajuda chegaria mais rápida hehe), no final nem precisou, pois logo em seguida ela achou os grampos, montou a parada e eu desci. Finalmente de volta a base, sãs e salvas! (rs), fizemos a trilhazinha de retorno e deixamos a portaria as 19hs, horário que fecha! Tudo isto ao som de um rockzinho maneiro que rolava na praça por causa do FoodTruck que estava rolando.

Eu diria que esta escalada terminou com um misto de sentimentos. Fui MUITO além do que imaginaria, em meu limite MÁXIMO mas ao mesmo tempo consegui me controlar e estava decidida do que tinha a fazer para sair dali. Foi ruim mas foi bom! Ruim pois me senti em extremo risco e bom por ter conseguido vencer, fiquei muito feliz com meu desempenho e orgulhosa de mim mesma! :D
Mas confesso que prefiro e não quero me expor desta forma, além do meu limite.

Daqui um tempo quem sabe eu volte lá participando nos 2 primeiros esticões, e talvez consiga encarar o restante guiando, se não estiver muito adrenada, já que as horizontais me causam pesadelos....

Achei a via MUITO difícil. Achei que o grau é mais alto que 3º, ou era só o meu excesso de medo de guia principiante? Ou a via tinha sido faxinada na época que foi graduada como 3º? Rs

Valeu a seg e a escalada, Paula!! Mas na próxima, escolho a via! Rs

Renata Jiamelaro

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