ESCRITO POR

Gabriela Magnani Peixoto

PUBLICADO EM

12 de outubro de 2025

CATEGORIA

I – Relato de Acidente
1. Data e hora: 19/09/2025, às 10h03.
2. Local: Morro Dona Marta – face sudeste
3. Via: La Niña – 3º V D2 E2 (aprox. 185 m)
4. Modalidade: Escalada tradicional
5. Envolvidas: Dupla feminina: Fabiana Silveira de Souza Murray (Fabi) e Sandra Freitas da Silva (Sandrinha)
6. Condições climáticas: Favoráveis, tempo firme.

II– Contexto da atividade
Era um dia habitual de escalada durante a semana, literalmente “no quintal de casa”, de uma das escaladoras — o Morro Dona Marta.
A via La Niña já havia sido guiada em outras oportunidades por uma das escaladoras, e a dupla já havia escalado juntas anteriormente, mantendo uma boa parceria e comunicação.
A escalada transcorreu normalmente, em 4 enfiadas até o cume (aproximadamente 180 metros), com conforto e segurança. Ao término, iniciou-se o rapel para retorno ao solo.

II– Descrição do acidente
A primeira descida de rapel ocorreu sem intercorrências.
Durante a descida, da escaladora que abriu o segundo rapel, ao se aproximar da parada, decidiu prosseguir até o grampo seguinte, pois ainda havia corda suficiente.
Ao chegar próximo do ponto, percebeu que faltavam poucos centímetros para conseguir se conectar ao grampo. No entanto, não havia nó de segurança em uma das pontas da corda, o que não foi percebido a tempo.
Como resultado, a corda passou completamente pelo freio (ATC) e pelo auto seguro, ocasionando queda até a base da via (aproximadamente 60 metros).

III – Causas e fatores contribuintes
O principal fator causa foi a ausência de nó em uma das pontas da corda.
Contudo, o acidente decorreu de uma combinação de pequenas variáveis, entre elas:

•Estar em uma via conhecida, o que o que pode gerar maior confiança;
•A corda estava ligeiramente desalinhada, não exatamente ao meio;
•A corda utilizada era de 70 metros, diferente das utilizadas em escaladas anteriores na mesma via, ( 60 m), o que alterou o ponto de parada esperado e só percebido no momento da queda;
•A via possui grampos únicos, sem parada dupla, o que influenciou na decisão de parar no grampo abaixo;
•O nó existente estava na ponta mais baixa da corda, o que agravou o descompasso entre os lados.

Esses fatores criaram uma cadeia de “SE’s”:

Se houvesse nó nas duas pontas;
Se a ponta mais curta fosse a que tinha o nó;
Se a via tivesse parada dupla;
Se a decisão tivesse sido parar no grampo acima;
Se a falta do nó tivesse sido notada a tempo permitiria a subida até o grampo acima.

IV – Consequências:

Apesar da queda significativa, a escaladora teve muita sorte: sofreu apenas escoriações, um corte no joelho e uma pequena fratura na escápula, tratada de forma conservadora. O uso de mochila provavelmente absorveu parte do impacto durante a queda.

A parceira estava com o celular na mochila, o que permitiu acionar rapidamente o resgate do Corpo de Bombeiros e integrantes do CEC.

A escaladora acidentada foi socorrida, e a parceira foi retirada da parede pelos amigos do clube.

Este relato é compartilhado com o objetivo de promover reflexão e aprendizado coletivo, características do montanhismo organizado.

Fica o registro de gratidão pelo desfecho favorável, aos Bombeiros RJ e ao Departamento Técnico do CEC.

Leave A Comment

Posts relacionados