RESPONSÁVEL
DATA DA ATIVIDADE

22/08/2021

RELATO POR

Rodrigo Rodrigues da Silva

PUBLICADO EM

1 de dezembro de 2021

CATEGORIA

Essa excursão foi muito simbólica para mim pois foi a primeira excursão agendada e com inscrições através do novo sistema do clube, o CiviCEC, um projeto ao qual tenho me dedicado há uns 3 anos, e que contou com a ajuda de diversos sócios e até um coletivo de designers. O sistema ainda precisa de muitos ajustes, mas ele ajuda o CEC em duas coisas muito importantes: manter um registro histórico digital e fiel de atividades e também tirar dos guias o trabalho de controle da lista de participantes, pois o sistema só deixa os sócios em dia se inscreverem.

De volta à simbologia, também foi uma das primeiras excursões oficiais após a retomada das atividades suspensas há quase um ano e meio por conta da pandemia de COVID-19.

Agora, enfim, à escalada: nos encontramos por volta das 8h30 nas correntes. Em uma cordada, eu e Marinah, como parte da preparação para o primeiro Dedo de Deus, e, na outra, Arthur e Raquel Masuet.

A via CEPI começa uns 10m à direita da base da Italianos e a sua base, acima de um trepa-pedras de uns 4m, é facilmente identificável por uma série de chapeletas que marcam o artificial inicial. Para progredir nessa parte, é bom estar com a técnica de artificial em dia. Não achei necessário levar estribos, mas improvisei com duas fitas, de 60 e 120, com nós no meio para fazer degraus. Em alguns pontos, como não sou muito alto, tive que subir até o último degrau para alcançar com dificuldade a próxima chapa.

Após umas 8 chapas, cheguei enfim ao cabo, onde foi conveniente montar uma parada e trazer a participante.

A via segue então em horizontal à direita. É um bom momento para quem não tenha experiência com o cabo se acostumar. Como o cabo ali é mais frouxo e os pés bons, a dica é soltar o peso do corpo nos braços, colocar os pés em alguma parte mais vertical e sentir segurança. Algumas pessoas ficam muito cansadas com o cabo pois colocam o peso todo nas mãos e não usam os pés. A ideia não é puxar-se para cima com a força dos braços, mas puxar o cabo em sua direção para que a força de reação aumente a força normal entre os seus pés e a pedra, deslocando o seu eixo, e assim quem está escalando consiga fazer foça com os pés para progredir para cima.

Logo em seguida vem o trecho mais difícil do cabo, em que de fato deve-se fazer bastante força com os braços, inclusive puxando para cima, mas usando os pés como eu falei torna a tarefa muito mais fácil. Pura física, daria uma questão do ENEM! Um cordelete ali também ajuda…

Alguns trechos que ainda não são tão fáceis se seguem até uma parada mais ou menos no meio da via. Essa parada fica um pouco abaixo e à direita do platô da Italianos e tem uma placa em homenagem a dois escaladores (conquistadores da via?) – um deles é cequiense, se não me engano.

Após essa parada, como o sol já castigava, eu e Marinah decidimos seguir à francesa, passando direto pelas paradas até que parei na penúltima parada da via. Estávamos evoluindo bem, pulando algumas costuras de trechos mais fáceis para ter equipamento suficiente. Mas o finalzinho da francesada, antes da penúltima parada da via, foi desafiador, pois o guia (eu) sobe um trecho bem vertical e polido enquanto a outra ponta da cordada está 60m abaixo, em um trecho mais chato também. Sem falar na comunicação, quase inexistente ali.

Depois dessa parada, convenci a Marinah a seguir guiando, com o argumento de que chegar “primeiro” ao cume do PdA é um momento por que todo escalador deve passar! Argumento aceito, Marinah chegou ao final da via. Quando saí da parada ainda não via a Raquel e o Arthur. Terminamos a via por volta das 12h30, e aguardamos o Arthur e a Raquel chegarem cerca de 1h30 depois (eles não francesaram).

No final, aproveitamos para tirar uma foto com a bandeira do CEC, e nos demos conta de que a vista desenhada em nosso brasão é a partir do cume do PdA, e não da Lagoa, como eu pensava!…