23/07/2023
Marcello Goulart Teixeira
27 de julho de 2023
Que bom que está se divertindo.
Esta foi a mensagem em resposta às fotos que enviei às 20h para minha esposa, que está viajando.
Divertindo?
Começamos a escalada da via Iemanjá às 13h10 desse domingo, 23 de julho, um dia quente e ensolarado de inverno carioca. Como minha sapatilha confortável precisa de ressola, fui com a que eu uso para boulder. Foram seis horas de escalada, guiada em revezamento por Rodrigo e Wagner (não me atrevi a guiar depois de uma noite mal dormida antecedida por um certo excesso alcoólico) com meus pés doendo alucinadamente por quase toda o tempo.
Mesmo com navegação difícil, os guias não se perderam. O crux, que não consegui passar sem aquela roubada básica no grampo, foi guiado pelo Rodrigo, que passeou. Já as últimas enfiadas, no escuro, foram guiadas pelo Wagner, enquanto Rodrigo escalava no escuro e de tênis. Bom ver a garotada praticando o velho montanhismo.
O trecho dos últimos duzentos metros até o cume, de primeiro grau, é feito em meio ao mar de gravatás e é muito cansativo. Muito mais que a escalada em si.
São 21h30 e ainda estou com estas questões em mente: foi divertido? Escalar é divertido?
Meus pés doem, estou absurdamente cansado, hipocalórico e certamente com deficiência de água no corpo depois dessas seis horas.
Não, não é divertido.
Claro, uma escalada pode ser divertida, mas mais pelos parceiros, pela conversa, pelas estórias e brincadeiras. Não pela escalada em si.
Então, qual nome dar?
Depois de quase 30 anos, ainda não sei.
Só sei que quero mais. E quando for bem velhinho, estarei em um cume olhando para o horizonte e lembrando de momentos como os vividos hoje.